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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Torcuato Mariano: coragem e determinação


Decisão pessoal, violão, professora, primeiros acordes e hoje, um músico argentino radicado no Brasil, com cinco CD’s gravados e seu último trabalho, So far From Home, gravado nos estúdio NRG, nos EUA – o mesmo estúdio onde a banda Linkin Park grava seus trabalhos - é o oitavo disco mais tocado nas emissoras de rádio americanas.

Todas essas ótimas referências para o guitarrista, produtor e compositor, Torcuato Mariano.O músico está na expectativa para o lançamento em território nacional de seu CD em Setembro, pelo selo Delira, com participações de excelentes músicos como Vinnie Colaiuta, Greg Phillinganes, Jonh Robinson -batera do Rufus e de todos os CD's de Michael Jackson - e Neil Stubenhaus.

O guitarrista concede uma entrevista ao Paulicéia do Jazz por e-mail e, nas proximas linhas, segue um pouco de sua iniciação musical na Argentina, dificuldades na chegada no Brasil e o seu sucesso profissional.

Primeiros passos

Mariano nasceu na Argentina, em Buenos Aires, onde viveu a infância e parte de sua adolescência na cidade. Membro de uma família bastante musical, onde o pai gostava muito de ouvir tango.Como um garoto de bairro sem maiores estudos e só ouvia os LP’s de suas bandas prediletas como Depp Purple e os guitarristas: Carlos Santana e Jeff Beck, Torcuato decidiu dar os primeiros passos para a música aos dez anos de idade e aprendeu algumas músicas como Samba de mi Esperanza e outras do cancioneiro popular argentino.

Após o aprendizado de novos acordes, Mariano comprou um contrabaixo por não ter dinheiro o suficiente para a compra de sua primeira guitarra.”naquele jeito de escambo fui trocando o baixo por uma guitarra e uma guitarra por outra ate conseguir minha primeira guitarra”, disse o guitarrista.

Enfim, Torcuato adquiriu a tão sonhada guitarra. Mas, ao estar na casa do pai, veio na cabeça uma vontade de pintar a sua recém-aquisição e começou a pintá-la. No momento que o patriarca viu a arte do guitarrista, imediatamente ele não o deixou mais tocar.

Para fazer uma boa surpresa, o pai de Torcuato resolveu levar a guitarra para o mecânico de autos fizesse a pintura como o filho desejara. “A guitarra de dois reais ficou linda,mas eles tamparam todos os buracos e na hora que eu montei ela,ja viu,ficou um lindo frankestein”,disse o músico.

Mariano se diverte muito ao lembrar do momento onde colocou pregos para acertar a distância das cordas para conseguir tocar alguma música em sua guitarra.

Brasil

Torcuato chega ao Brasil aos 14 anos de idade, após um período de muita turbulência em seu país de origem. “Garotos de 13 anos sumiam ao voltar da escola e nunca mais voltaram e isso foi muito perto da família que morava em Buenos Aires”, disse o músico.

Ao perceber o momento de tensão político-econômica da Argentina, sua família decidiu procurar novos caminhos e como a sua tia já morava a 20 anos no Brasil, sua mãe decidiu arriscar e tentar saídas em terras brasileiras.

Mariano começa a fazer aulas de harmonia com o guitarrista de blues argentino Cláudio Gabis, bastante famoso em seu pais e também resolveu residir no Brasil. “ Gabis é daqueles caras que fizeram história”, disse o músico.

O guitarrista sempre foi muito autodidata no sentido de assimilar informações. Devido as dificuldades com o estudo, Torcuato precisa compreender intuitivamente a música antes dele entender e depois processar as informações para transformar em conhecimento.

“Mas nada acontece se não antes passar pela minha intuição”, disse Mariano

Começo profissional


Começo difícil do guitarrista que ia muito mal na escola. Mariano repetiu de ano pela segunda vez. “Vivia com a guitarra pendurada e não conseguia largar”, disse o guitarrista. Tomou uma dura seríssima de sua mãe e começou a dar aulas de violão para ter a sua própria renda e fazer alguns contatos com pessoas e o indicasse, caso surgisse uma oportunidade.

Ricardo Santos, contrabaixista, foi a peça-chave importante para o inicio da vida profisional de Torcuato,ao recomendar Mariano para uma audição com o cantor e pianista Jonhy Alf na terça-feira às 16h00 nos chicos bar. Durante o encontro, o guitarrista acompanhou o cantor com três bossas e ele gostou muito. Nesse dia Ronaldo Boscoli estava acompanhado de sua namorada e ela disse: “o garoto é muito bom”.

Mariano nem sabia quem era Boscoli, recém chegado da Argentina e com 17 anos, o guitarrista foi contratado para tocar de terça à domingo no Chicos e depois passou a tocar em várias casas noturnas do Rio.

Após a experiência no circuito de música do Rio, Torcuato participou do Kid Abelha, antes do Bruno Fortunato. Por diversas razões, o guitarrista não conseguiu continuar no grupo e recomendou a entrada de Bruno.Depois, Zé Luis, saxofonista do Caetano, o convidou para tocar com o cantor Ritchie e Mariano foi convidado para tocar mais em apresentações,gravações e shows.

Flávio Venturini

Torcuato considera um período bastante importante de sua carreira. O guitarrista produziu Noites com sol, Beija Flor, Porque não tínhamos bicicleta e Canção sem Fim e fez a direção artística do Trem Azul. “Flávio tem canções inesquecíveis. São aquelas canções que a gente sempre ouve como fosse a primeira vez”, disse Mariano.




Identidade Sonora

Torcuato tem uma opnião formada sobre o estilo de som que deseja produzir. Para o guitarrista, é importante ter uma definição musical. “Saber o que quer”, como ele disse durante a entrevista.

“Nos somos também uma boa mistura das nossas lembranças musicais”, disse Mariano. O músico jamais afastaria boas influências musicais e fez questão de lembrar de alguns nomes como Wes Montgomery, Ary Piassarollo – onde teve o privilégio de assistir várias “canjas” no clube 21, na cidade do Rio de Janeiro, Toninho Horta, George Benson, Scott Henderson e Jonh Scofield.

O guitarrista nunca procurou forçar uma identidade sonora e afirma sobre a ausência de negociação com a espontaneidade e não há um meio termo. “Ou você é ou não é!”, enfatiza Mariano.


Trabalhos e produções

Desde 1994, Torcuato Mariano grava seus CD’s. Quando assumiu a direção artística da gravadora EMI, o guitarrista dedicou mais ao trabalho como diretor e interrompeu a sequência de gravações.Atualmente tem cinco discos gravados.

Mariano gosta das canções onde há um conflito interno na hora de produzir os trabalhos.Para o guitarrista, é bom puxar para o instrumentista quanto para o compositor.” Com o tempo, isso vai se acertando mas defendo muito as canções na hora de gravar”, disse Torquato.

O guitarrista faz questão de enfatizar sobre a importância da musica passar uma mensagem. No trabalho “Lift me up”, Mariano gravou duas músicas com Russel Ferrantes, Jimy Haslip e William Kenedy, a formação atual do grupo Yellow Jacket e são peças bastante apreciadas e respeitadas por Torcuato há muito tempo.

A receptividade dos componentes do Yellow foi tão importante para o guitarrista que ele foi convidado em 2008 para participar do CD do saxofonista Michael Lington e teve as participações de Greg Phillinganes,Vinnie Colaiuta,e o Neil stubenhaus, e os guitarristas Michael landau,e Michael tompson. Nesse trabalho, Mariano conheceu Colaiuta e durante o planejamento das gravações de base, o convidou para participar do seu novo trabalho So far From Home.

Torcuato dedicou-se muito ao trabalho de trilha sonora. Produziu trilhas para os filmes: Se eu fosse você II e O guerreiro Didi e a ninja Lili, onde Mariano decidiu ir para o caminho da ação e trabalhar com orquestração pura. “Muita luta e melancolia ao mesmo tempo. .Eu me realizei muito musicalmente com esses trabalhos por que nao tem limites musicais para soundtrack.Voce pode utilizar todos os teus recursos musicais sem limites.”

O que faz e vai fazer?



Mariano acabou de voltar de Los Angeles, EUA, onde gravou as bases do CD de Mano Góes – contrabaixista e compositor da Banda Jamil e uma noites – Góes tem um trabalho de pop rock, que o guitarrista o considera sensacional.

Torcuato quer ter muito tempo para tocar e estudar guitarra. “é o meu maior prazer, sempre!!!”, disse o guitarrista.

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