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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nouvelle: do jazz em casa ao profissionalismo

"Fazer velhos poemas com novas ideias", essa frase do poeta da República Tcheca, Rainer Maria Rilke sintetiza as concepções artisitícas e critérios advindos das artes visuais de um jovem arquiteto. Daí, o ajuntamento de outros dois rapazes amantes do jazz latino e um outro instrumentista participante de um grupo voltado para a música experimental onde tocavam músicas de Duke Ellington nas tardes de sábado na casa de um dos componentes da "gig".


Carlos Fernando (vocais), Flávio Mancini (contrabaixo), Guga Stroeter (bateria e vibrafone) , Luca Reale (piano e clarineta) e Maurício Tagliari (guitarra) são os personagens das ótimas jovens tardes de jazz em domícilio de 1987. Os quatro rapazes tocavam sem nenhuma pretensão profissional, apenas pelo prazer em tocar a boa música.


Os ensaios aconteciam na casa dos pais de Stroeter (foto à esquerda) e ele foi o primeiro a tomar a iniciativa em arranjar uma casa de shows para o grupo tocar. "Pra dar uma motivação para a rapaziada", disse Guga.Logo, surgiu a oportunidade da conjunto tocar no espaço OFF;mas, não havia um nome que identificasse a turma de jovens.






Fernando (foto à direita), recém formado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e um apreciador das artes, lembrou da história de um movimento culinário francês iniciado na década de 1970 onde revistava receitas clássicas e tradicionais e as refaziam de uma maneira mais leve,com subtração de gordura.Logo, na visão de Fernando,o grupo de rapazes faziam uma espécie de "inventário" das melhores canções , especialmente as mais conhecidas, onde eram executadas de um modo diferente do que se costumava ouvir.



Após os jovens conhecer um pouco da história desse movimento gastronômico francês onde nos anos 1980 estava no auge da sua fase, e se identificarem com o momento vivido naquele momento, os jovens aceitaram a sugestão de Carlos e o grupo passou-se chamar Nouvelle Cousine.



O Nouvelle Couisine estreiou em maio de 1987 no extinto espaço OFF, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo. "Uma segunda-feira, por volta de meia-noite de um dia frio e chuvoso, estavamos acompanhados de nossas namoradas e amigos", detalha Tagliari (foto à direita) sobre o dia da primeira apresentação do Nouvelle.

Segundo o guitarrista, no segundo dia de apresentação do grupo, por ser acústico e não fazer longos improvisos, sem teclados e com repertório dos anos 30 e 40, a propaganda "boca-a-boca" funcionou e a casa estava lotada.

A cada dia o dono do OFF pedia mais shows e toda a apresentação do Nouvelle o bar lotava."Até que fizemos um dos "famosos" shows no MASP. Lá eram eventos onde o estranho era ver as meninas de 16 , 18 anos levando seus pais para mostrar a banda que ela gostavam e eles também poderiam ouvir! Formavam-se grandes filas, dizem, mais de 1000 pessoas que não conseguiam entrar.Posso considerar um pequeno fenômeno local e temporal. Acho que naquele tempo sem facilidade de informação, sem internet, uma capa da ilustrada fazia milagres!" disse Tagliari.

Daí aconteceu o contrato com a gravadora Warner e o Nouvelle Cousine se apresentou em programas de TV, festivais internacionais de Jazz, acompanhou grandes cantores e interpretes da Música Brasileira e sempre foram muito bem recebidos.

A excelente apresentação do dia 10/10, juntamente com os artistas da YB music, gravadora dos sócios fundadores Luca Raele e Maurício Tagliari e os 22 anos de Nouvelle, onde o grupo apresentou In a Mellow Tone de Duke Ellingnton no final o público pode ver a belissíma interpretação de My Funny Valentine, de Richard Rodgers e Lorenz Hart , na voz de Carlos Fernando.


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