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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Nouvelle e seus personagens: Luca Raele

Uma família de bons apreciadores de música. Seu avô tocava o violão de vez em quando e sua vó era professora de piano. Assim descreve Luca Raele, pianista, clarinetista, arranjador onde teve um pai bastante interessado em aparelhos de som e os montava.Suas lembranças musicais estão ligadas as montagens dos equipamentos sonoros do patriarca.

Luca iniciou seus estudos de musica aos 9 anos de idade, entre os 10 aos 14 anos iniciou as aulas de violão no Centro Livre de Aprendizado Musical (CLAM) onde também fez o curso de piano, com Eliane Elias e Fernando Rodrigues e depois a faculdade de música na USP, onde estudou mais a clarineta com Leonardo Righi.

Raele, como ele mesmo se define, domina teoricamente a clarineta e um pouco de piano, mas sente-se mais clarinetista e não deixa o piano de lado. Além de arranjador, instrumentista, o músico compões trilhas para curtas metragens, longas, publicidade e para o quarteto de clarinetas Sujeito a Guincho, onde é um dos componentes.

O clarinetista faz questão de mencionar: Choro a 4 para 8 palhetas" ("Sujeito a Guincho", Eldorado, CD/1996); "Quinteto para 2 clarinetas e ½", gravada no disco "Die Klarinetmaschine", do grupo Sujeito a Guincho (YBrazil?Music, CD/1999); e "Veja você", canção com letra de Carlos Fernando.

Luca prefere ouvir compositores e músicos como Brahms, Stravinsky, Beethoven; o Jazz Criativo de Thelonious Monk, Duke Ellingnton, Miles Davis, Jonh Coltrane, Paul Desmond, Keith Jarret, Bobby McFerrin e os brasileiros: Chico Buarque, Tom Jobim, João Gilberto, Baden Powell, Noel Rosa e outros talentosos artistas da música.

Abaixo, segue a sua* profissão de fé musical:


"Me agrada a música criada e tocada de maneira espontânea, e as maneiras diversas de construir um tipo de controle sobre isso. Controle não significa cerceamento, mas possibilidade de articulação. Quando um macete técnico se sobrepõe ao espontâneo, perde-se esse equilíbrio. Temos, então, apenas a reprodução de conquistas técnicas, homogêneas e reconhecíveis.

Me incomoda a vitória da técnica de emissão sonora sobre a musicalidade. Isso aconteceu a partir da expansão dos espaços de apresentação musical, mais ou menos desde o início do século XIX. Vejo com tristeza o predomínio da homogeneidade na maneira de tocar música escrita - isso acontece, também, no improviso jazzístico, dominado pelo vocabulário bop congelado.

Reconheço ser bem difícil tocar um instrumento correspondendo às exigências técnicas atuais, mas parece que todo esse esforço exaure o músico antes que ele chegue a abordar a música como tal. O caso mais gritante, mas não o único, se dá com o canto lírico: inexiste o fraseado melódico, ouvimos sons 'bem colocados', vindos de vozes de timbre genérico, devido à potência necessária. O resultado é musicalmente pobre, às vezes correspondendo à força dramática exigida, mas quase nunca à frase musical. Bem, muitas vezes a coisa foi composta tendo em vista essa pobreza, o que não salva nada, por isso me é difícil apreciar óperas pós-Mozart. O ensino de instrumento é voltado para esse controle, e não passa disso, acabamos perdendo a pessoa que está tocando, temos só o instrumentista. Há momentos de alegria na música contemporânea, popular (exceto os super boppers quebrando tudo sempre igual), e na música antiga e barroca, com seu retorno a uma dinâmica e fraseado criativos, sejam autênticos historicamente ou não."
* extraído do site Músicos do Brasil

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